O que mais surpreende neste momento, em nosso talentoso artista rondoniense, é a sensibilidade poético-literária, com a qual ele presenteia agora seus admiradores, lançando o livro “Juru-Jupá-Jurupari”, obra recheada de regionalismo, mas trazendo uma linguagem que é compreendida universalmente, a linguagem do amor.

Na obra, o homem retroage ao seu tempo. O tempo das águas, dos rios, das chuvas, dos ventos, das tempestades, das noites escuras e enluaradas e dos amores fortuitos. Lembra dos adultos daquele tempo sentados nas calçadas, contando as histórias que ainda hoje enriquecem a mitologia amazônica.

Nessa doce volta, o homem expira tudo que a natureza lhe presenteou. Lembra das baracéias e das paixões que lhe vinham da mata. Cai-lhe um fogaréu de emoções e Julio introduz o leitor num universo próprio do povo amazônida, característica esta, expressa antes, porém, em peças suas como “A Fauna e Flora” (1981), “Amazônia” (1983), “Arte Regional” (1986) e “Moderno” (1995).

Viajando no tempo e na vida é nestas paragens, junto de caboclos amazônidas, que se pode conhecer melhor o artista e sua obra. E, mirando objetos por ele talhados, lapidados e trabalhados – seja em forma de gente, animal, árvore ou figuras indefinidas – refletir pela retina que “O olho permite que as coisas sejam vistas pela graça de seu ser” (Michel Foucault).

Por: Edneide Arruda

Este livro editado pela editora Edufro em 2002

Deixe um comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *

.

Limpar formulárioEnviar